Ubuntu e Avenidas Identitárias são os títulos de duas obras de autoria de formandos do curso de Jornalismo da UNIFAE que falam de racismo e exclusão social, trazendo casos reais. Enquanto o livro-reportagem “Ubuntu – Histórias de vida de mulheres negras no Brasil, escrito por Lethycia Costa, narra a trajetória de mulheres negras que desde criança enfrentam o racismo estrutural e institucional, “Avenidas Identitárias: a negritude LGBT+ no Brasil”, de autoria de Gabriel Ambrogi, mostra a vida de negros que carregam ainda mais preconceito em função de suas orientações sexuais.
“Escolhi falar de mulheres que, apesar de todas as dificuldades que encontraram em função da cor da pele, hoje participam de iniciativas e projetos para mudar a realidade de outras que virão.”, explica Lethycia. “Por isso, a escolha do título Ubuntu, expressão de origem africana que significa ‘eu sou porque nós somos’ e isso tem muito a ver com a minha vida e com a de outras mulheres negras. Se hoje celebramos algumas conquistas importantes é porque outras vieram antes e abriram caminho para nós”.
“Avenidas Identitárias: a negritude LGBT+ no Brasil” traz histórias reais, que narram o enfrentamento da exclusão social e sentimentos de dor e preconceito pela cor da pele somada à orientação sexual. A escolha do tema é extremamente relevante, se considerarmos que, segundo dados oficiais, diariamente um LGBT é assassinado ou se suicida vítima da homofobia, o que coloca o Brasil como campeão mundial de crimes contra as minorias sexuais. “Os depoimentos que colhi para o livro-reportagem confirmam que gays e negros sofrem agressões físicas, verbais e morais de toda ordem e são excluídos social e economicamente, o que contribui para a continuidade e o agravamento da condição de exclusão.”, pontua Gabriel.
Para a orientadora Profa. Me. Beth Miranda, é motivo de muito orgulho ter conduzido os dois estudantes na produção destes trabalhos: “No mês da Consciência Negra, é especialmente gratificante ver nascer das mãos de jovens negros estas reflexões que buscam transformar esta realidade. Para mim, que sou branca, a temática foi desafiadora, pois não sinto a dor que os aflige. Então, me dispus a ouvi-los muito sobre um tema que falam com grande propriedade, os conduzindo na construção destas obras que já estão repercutindo e fazendo diferença na vida dos autores e de cada um dos entrevistados. É uma alegria sem tamanho ver a produção destes jovens comunicadores, que em breve será disponibilizada em plataformas digitais e também na versão impressa.”