A poluição da água potável, graves problemas de saúde, reutilização por terceiros e interferência no processo de decomposição do lixo orgânico são apenas alguns dos problemas causados pelo descarte incorreto de medicamentos. A questão é tão grave que se torna urgente não só compreender os mecanismos de contaminação da água, solo e ar, mas discutir o gerenciamento de medicamentos em desuso e apontar propostas para minimizar o problema.
A seriedade do assunto levou o professor Ronaldo Campanher a elegê-lo para a tese de mestrado: “Sendo graduado em Farmácia, esta escolha deve-se, primeiramente, à minha formação. Considerando que a linha do mestrado se baseia em “Educação, ambiente e sociedade”, foi possível adequar perfeitamente o descarte adequado com o viés ambiental.”
O trabalho foi orientado pela professora Érica Passos Baciuk, que ressalta a amplitude do tema. “Quando o Ronaldo me procurou, consideramos que a proposta seria significativa não só para nós enquanto profissionais – ele como farmacêutico e eu como fisioterapeuta que trabalha com políticas públicas de promoção de saúde – mas para a sociedade como um todo.”, explica a professora.
Neste contexto, Ronaldo enfatiza que se pode afirmar seguramente que esta é uma problemática que envolve toda a sociedade:
“Atualmente, por falta de opção, a população faz o descarte no lixo comum ou na rede de esgoto. Isso acaba gerando um impacto ambiental, justamente pelas características químicas dos componentes.”
A pesquisa realizada pelo professor considerou o tráfego feito no sentido contrário ao da cadeia de produção: “A população levaria seu medicamento vencido ou não mais utilizado até uma farmácia, desta farmácia seguiria para a distribuidora, e desta para a indústria, que ficaria responsável pelo destino final. A função da logística reversa de medicamentos é justamente evitar que impactos ambientais e danos à saúde humana ocorram. Portanto, eliminar os resíduos de forma correta e com práticas sustentáveis é de suma importância.”
Boa notícia – No último mês de junho, foi publicado um decreto no Diário Oficial da União, que passa a vigorar 180 dias após a publicação, que dá o primeiro passo para a criação de um sistema de logística reversa de medicamentos. Segundo a lei, os consumidores deverão passar a efetuar o descarte dos medicamentos domiciliares vencidos ou em desuso – incluindo as embalagens – em pontos de coleta como drogarias, farmácias ou outros locais definidos pelos comerciantes.